21 de ago. de 2007

Greve justa ou chantagem assassina?

O que eu devo pensar de um médico que cruza os braços consciente de que seu gesto pode levar pessoas à morte? É um profissional que ultrapassou seu limite de tolerância com o desrespeito por seus direitos? Ou será um sujeito suficientemente frio e insensível para calcular a força da sua atitude como pressão para ver atendida suas reivindicações? Seja como for, me parece absurdo que alguém que detenha conhecimento científico suficiente para salvar uma vida deixe de fazê-lo por vontade própria. Não me parece que abandonar as pessoas às suas chagas, dores, prantos, infecções e riscos de vida seja uma política reinvidicatória própria a um profissional da saúde. Creio que não se trata apenas de indisciplina funcional merecedora de punição burocrática; o caso aqui é de desabilitação ao exercício da medicina por indignidade. Aquele que deixa morrer podendo salvar não é menos assassino do que aquele que mata.

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