10 de fev. de 2007

Autoritarismo eclesiástico

Sinceramente, quanto mais eu vivo menos acredito nas instituições e mais atribuo às consciências e atitudes individuais qualquer progresso na formação de um ser humano de melhor qualidade. Instituições costumam ser corporativistas e acobertadoras das mazelas de seus membros. Já o indivíduo pode ser avaliado com mais objetividade, uma vez que é agente e porta-voz de sua personalidade e de seu caráter. Por isso, quando alguém me pede opinião sobre qualquer ordem ou sociedade que reúna mais de duas pessoas, eu pergunto de qual delas se está falando. Trata-se de um certo ceticismo com relação às propostas de “visão coletiva”.
Para mim, tudo o que soa a “nota oficial” institucional carrega muito pouco de verdade e de honestidade. É pura política de conveniência.
Essas reflexões me ocorrem no final de uma semana marcada pelo embate entre Dom Aldo Pagotto, cardeal arcebispo da Paraíba e representantes da Igreja Universal do Reino de Deus, logo após a inauguração do majestoso templo da Universal na avenida Epitácio Pessoa.
Foi interessante observar que a troca de acusações começou com um indivíduo – Pagotto – acusando uma instituição – a Universal. E teve como resposta uma acusação ao indivíduo. Dom Aldo acusou a Universal de explorar a boa fé do povo para arrecadar dinheiro, sob a promessa de que as pessoas alcançarão seus sonhos de consumo material. E foi acusado de ser “o maior político da Paraíba”.
Abstraindo a circunstância da Paraíba ser um forte pólo de influência da Igreja Católica e, portanto, o cardeal tenda a receber uma defesa mais vigorosa, não consigo evitar o raciocínio de que sua atitude foi uma simples tentativa de defesa de território. Ao questionar os métodos da Universal, de maneira generalizada, Pagotto não deixa margem para que se considere um trabalho extraordinário de recuperação de gente marginalizada - viciados em drogas, alcoólatras, criminosos e suicidas potenciais, etc – realizado pela instituição. Confesso que também não gosto do discurso mercantilista da turma do Bispo Macedo, mas, objetivamente, não vejo nos métodos de arrecadação financeira práticas muito diferentes da Igreja Católica, ao longo da sua história (história, aliás, recheada de episódios tenebrosos, merecedores, volta e meia, de pedidos de perdão por parte dos papas.
Acredito que o discurso do cardeal arcebispo da Paraíba comete o erro da generalização preconceituosa e, por isso, consegue pouco mais do que acirrar ânimos de maneira pouco racional entre “ovelhas” de um lado e de outro.
A resposta da Universal foi interessante por tocar num ponto sensível à Dom Aldo Pagotto: a política. Uma resposta dura porque fez sentido.
Pagotto é, sim, extremamente envolvido com política. É vaidoso e dado a incorporar uma espécie de liderança moralizadora. Na campanha eleitoral de 2006, participou ativamente do processo, tomando, inclusive, partido ou tendendo a apoiar a reeleição do governador Cássio Cunha Lima.
Se isso não for fazer política, confesso, então, que já não sei o que é...
Com relação à Universal, o comportamento de Dom Aldo me parece revelador de um certo “autoritarismo eclesiástico”. E, como conseqüência, estabelece, querendo ou não, um novo cenário de embate de poder no Estado. Ou não será significativo o fato de que a Rede Record, cuja repetidora na Paraíba é o Sistema Correio, grupo de mídia alinhado com a oposição ao governador, pertença à Igreja Universal? Por outro lado, existe a evidência de que Pagotto escreve com regularidade no Jornal da Paraíba, pertencente à repetidoras da Rede Globo, TVs Cabo Branco e Paraíba, que cerram fileira com o governo Cássio Cunha Lima. (Será essa uma de suas trincheiras para o enfrentamento com a Universal/Record/Correio?)
A verdade, meus amigos, é que o “rebanho paraibano” está em disputa e nessa horas as igrejas, os partidos e os meios de comunicação, todos costumam ser muito parecidos: pegam pesado. É um jogo de interesses políticos e econômicos. Nada de anormal, é próprio do sistema de mercado em que vivemos.
O que incomoda, na verdade, é sempre aquilo que ofende a liberdade e a democracia. Por hipócritas que sejam nossos conceitos de liberdade e democracia, são os melhores que temos e devemos buscar aperfeiçoá-los, jamais negá-los. Portanto, sempre que alguma autoridade, civil, militar ou eclesiástica se arvorar juíza da nossa liberdade, baseada apenas em suas crenças e dogmas, devemos reagir com firmeza. Ou acabaremos virando, literalmente, um bando de ovelhas.

Batistas x Renascer

APÓSTOLOS DO ESCÂNDALO


Leandro B. Peixoto
(Pastor da Igreja Batista Central de Campinas, SP).


Os recentes acontecimentos envolvendo os líderes da Igreja Renascer sujaram ainda mais a imagem dos evangélicos. O que ficou caracterizado para o mundo é que a única diferença entre o político corrupto e o pastor crente, é que o primeiro carrega dólares na cueca, o segundo dentro da Bíblia! Se por um lado a imprensa persegue os cristãos, por outro, muitos supostos cristãos têm servido de bandeja bons e deliciosos escândalos para uma mídia caçadora de casos feios e que não perde tempo nem oportunidade de denegrir o cristianismo.
Triste é que os casos recentes parecem apontar que a temporada de escândalos está só começando e que maiores furacões ainda estão por vir. Mas por quê? O orgulho é a raiz de todos os nossos pecados, é ele que abre as portas para qualquer outro escândalo.
Quanto à perseguição da imprensa, como alguns fiéis querem definir toda a situação, não se trata de uma questão de os cristãos acharem que estão por cima do mundo, acima de qualquer suspeita e que não podem ser questionados ou investigados. Ricardo Gondim está corretíssimo ao afirmar que "a Igreja, como toda instituição social, precisa ser fiscalizada, cobrada e investigada. Lamentavelmente os evangélicos convivem com um espírito corporativista imenso".
É necessário, contudo, entender a profundidade da crise, descobrir suas causas e desenvolver ações corretivas.
Jesus foi quem disse que "é inevitável que venham escândalos, mas ai do homem pelo qual vem o escândalo!" (Mt. 18:7). O Senhor estava respondendo a uma questão dos discípulos: "quem é, porventura, o maior no reino dos céus?" (Mt. 18:1). Percebe-se desde o começo da Igreja, o desejo do coração do homem de querer tirar vantagens. A solução para tão sujo pecado, segundo Cristo, seria a mortificação por completo da vontade e das ações humanas (Mt. 18:8-9). Exatamente o oposto de tudo o que se prega e se procura nos templos e catedrais da fé contemporânea. Os apóstolos de outrora, negavam-se a si mesmos, saiam para pregar o evangelho genuíno de Jesus e eram presos, em nome de Cristo, por amor à causa e dos outros. Por isso a Igreja contava "com a simpatia de todo o povo" (At. 2:47). Os auto-nomeados apóstolos de hoje, saem para curtir suas casas de campo, ou para fazer compras no exterior, constroem seus reinos pessoais, às custas da exploração, e são presos por amor ao dinheiro. Daí a razão para a Igreja estar sendo tão difamada.
O versículo que bem pode resumir a vida do apóstolo Paulo diz: "Por esta causa [a pregação do evangelho aos gentios] eu, Paulo, sou o prisioneiro de Cristo Jesus, por amor de vós, gentios" (Ef. 3:1). A nota que pode descrever a vida dos apóstolos do nosso tempo lê: "Por causa da ganância, nós somos prisioneiros da Receita Federal, por amor ao dinheiro".
O apóstolo Paulo aos gentios, dizia: "eu trago no corpo as marcas de Cristo" (Gl. 6:17). Apóstolos forjados pela ganância, são flagrados e forçados a confessar: "eu trago na mala, e até dentro da Bíblia, dólares não declarados".
Enquanto o apóstolo Paulo vivia e ensinava a prática do
contentamento, no muito ou no pouco (Fl. 4:10-13), lemos absurdos (extraídos do diário dos apóstolos deste século e estampados nas páginas de revistas pelo Brasil afora) do tipo: "Deus vai me dar cartões de crédito internacionais, a casa dos meus sonhos em Miami, uma casa maravilhosa em Mairiporã, minha casa muito bem decorada. Aleluia!" (Veja, 30/12/06, p. 34). Que evangelho é esse? Com certeza não é o da Bíblia!
Deprimente é saber que a massa continua preferindo os falsos mestres. Os amantes de si mesmos. Paulo, o apóstolo, já havia previsto tudo isso: "Pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas" (2 Tm. 4:3-4). Cabe a nós, IBCC, seguirmos os conselhos do apóstolo, Paulo, e sermos sóbrios em todas as coisas, suportando as aflições por pregarmos o evangelho verdadeiro, fazer o trabalho de evangelistas e cumprir cabalmente o nosso ministério (2 Tm. 4:5). Que Deus nos ajude a viver para pregar a verdade e viver a verdade que pregamos. Mesmo que para isso continuemos pequenos e inexpressivos. Ou sejamos perseguidos.

Pergunta tola

Parece que ser chamada de biruta pelo prefeito Ricardo Coutinho não estimulou a auto-crítica da vereadora Nadja Palitot. Onde já viu, para efeito de criticar a precariedade das instalações de um hospital, desmerecer o cuidado da administração com as praças da cidade? Ave Maria! “O que é mais importante, hospital ou praça?”, questiona Nadja. Pois saiba, vereadora, que ambos são importantes, que um não prescinde do outro, que uma cidade mais saudável tem boas praças. Portanto, não misture mais alhos com bugalhos, sob pena da figura atribuída a si pelo prefeito acabar lhe assentando bem.

Grande, Piauí!

O Instituto Dom Barreto, de Teresina, ganhou o título de campeão nacional do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) com nota 74,17, deixando em segundo lugar o Colégio Vértice, de São Paulo, referência nacional em qualidade de ensino no Estado mais rico do País. É de se perguntar: o que é que o Piauí tem e que a Paraíba não tem? As melhores notas na Paraíba foram as do Colégio Motiva de João Pessoa (60,98) e Campina Grande (60,76).
R$498,00 é a mensalidade do ensino médio do piauiense Instituto Dom Barreto. Baratíssimo!

Triste homenagem

Nada mais perigoso no Brasil do que nos homenagearem, colocando o nosso nome numa escola pública. O risco de associações negativas é enorme. O que pensaria, por exemplo, a poetisa Vicentina Figueiredo Vital do Rego se soubesse que a escola estadual, situada em Campina Grande e que leva seu nome, obteve vergonhosos 27,73 como nota no ENEM.

Papo furado

“Estamos vivendo um momento de revolução silenciosa que passa por uma repactuação de nossas forças com vistas aos processos futuros e ao desenvolvimento do nosso estado”. Essa formosura de elaboração retórica foi enunciada por Adalberto Fulgêncio, ex-presidente estadual do PT, em entrevista ao site “clikpb”. Realmente, esse povo não se emenda. Que “revolução silenciosa que passa por uma repactuação” pode haver entre Adalberto Fulgêncio, Avenzoar Arruda, Rodrigo Soares, Frei Anastácio, Luiz Couto..? Me poupe! Melhor que cuidassem de repactuar as dívidas de campanha...

Partido do reboque

A verdade, nua e crua, é que o PT da Paraíba só não acabou ainda porque arrumou gente disposta a rebocá-lo por conta de seus votos minguadinhos. Hoje, o maior pedaço do partido vive na esteira de José Maranhão e de Ricardo Coutinho e o menor se agüenta com Cássio Cunha Lima. Dançou com Maranhão e está à mercê da boa vontade do prefeito e do governador. Pense numa pobreza ideológica...

Para morrer de inveja

Quinta-feira, dia 8, estive em Curitiba, apresentando o seminário Comunicar & Crescer. Prevendo o caos que, tudo indicava, se apoderaria do aeroporto de Congonhas, por conta das interdições das pistas e das chuvas pesadas anunciadas, fui de carro. Melhor, impossível. Zero de estresse. E uma bela surpresa, cinco horas de viagem depois: o litro da gasolina em Curitiba custa R$2,07 em quase todos os postos. Pode chegar a R$2,13, mas por pouco tempo, como me explicaram, porque a freguesia some. Já na milionária Paraíba...

Comunicar e Crescer na Paraíba

A segunda etapa dos seminários Comunicar & Crescer, promovidos pela ABAP – Associação Brasileira de Agências de Publicidade - chega à Paraíba nos próximos dias 27 (Campina Grande) e 28 (João Pessoa). As agências Antares e 9ideia estão encarregadas das campanhas publicitárias de divulgação do evento que tem o apoio do SEBRAE.

Seção colírio


A moça bonita da foto é Monique Rocha de Araújo, paraibana e pessoense, que está se preparando para o vestibular de jornalismo. Milita no “Greenpeace” e nesse momento está empenhada em campanha pela aprovação de lei pela castração de animais domésticos. Trata-se de método recomendado pela Organização Mundial da Saúde para evitar a proliferação descontrolada e o abandono dos animais nas ruas, onde acabam vítimas dos “centros de controle de zoonoses”, verdadeiros “campos de concentração”. São necessárias 1.500.000 assinaturas para que a lei seja colocada em votação.Para participar, acesse: www.4shared.com/dir/1826698/d206e02f/Animais.html Parabéns, Monique, uma paraibana bonita, inteligente e engajada numa boa causa.

Para ler e moer




"O subjetivo e o objetivo se respeitam mutuamente e se fundem em um. A origem é o ser no não-ser e o não-ser no ser, se os dois se unirem, é o a priori, quer dizer que o céu e o homem se unem, e o ponto de vista do homem e do cosmos atingem a unificação" (Gao Xingjian, em "A Montanha da Alma" - Editora Objetiva).

Pergunta da semana

As Virgens de Tambaú se desfiliaram do Folia de Rua. E agora?

4 de fev. de 2007

O PAC é marketing. E é bom.


É interessante. Quase sempre que oposição ou mídia pretendem desqualificar o PAC - Programa de Aceleração do Crescimento -, proposto pelo governo Lula, abordam o assunto a partir do ponto de vista de marketing ou publicidade. É como se o defeito ou o pecado do PAC fossem suas qualidade de marketing. É evidente que o PAC veio embrulhado numa bela estratégia de marketing, começando pelo nome que remete a impacto, pacto, mas e daí? Qual o problema de o governo comunicar-se com eficiência? No que seria melhor ou pior o plano se fosse apresentado de maneira medíocre em termos de marketing? Claro que a frase de Dilma Russef, que virou manchete na Folha, tem cara de conceito plantado por marqueteiro: "o PAC é dinheiro na veia" (ou coisa parecida). Mas e daí? Onde está o erro em expressar uma intenção de maneira sucinta e clara? Se o PAC vai funcionar ou não nada tem a ver com a eficiência com que foi comunicado. Todo projeto de governo melhor será comprendido quanto melhor for a estratégia de marketing que acompanhar sua comunicação. Um bom nome, um bom conceito, são indicadores que muito colaboram para a clareza das intenções e para o propósito da mobilização em torno do plano. Como qualquer "produto" que depende do envolvimento dos outros para ser bem-sucedido, o PAC não pode prescindir do profissionalismo na comunicação. Já ficou velha essa história de insistir na categorização do marketing como artifício. O marketing, quando bem utilizado, organiza, traduz, interpreta e enaltece conceitos e qualidades inatas a produtos, serviços e planos de governo. Infelizmente, ainda vigora um certo ranço que tenta atribuir ao marketing a função única de acobertar a ineficiência e a desonestidade dos governos. Preconceito bobo. A verdade é que governantes eficientes e honestos costumam se ressentir tremendamente, ao final dos mandatos, de não se terem estruturado em termos de marketing, acreditando que era um desperdício de verba que poderia ser melhor aplicada no melhor interesse social. Outra bobagem. Uma coisa nada tem a ver com a outra. Um bom marketing para comunicar-se com a comunidade e inclui-la nos projetos sociais é tão importante quanto escolas e postos de saúde. Dispensar o marketing por preconceito ou ignorância tem seu preço. Governante que se comunica mal, que não planeja o marketing de seus projetos, tende a passar desapercebido ou, muitas vezes, mal compreendido em seus propósitos. E mais: deixa um espaço generoso na percepção popular para a oposição servir-se à vontade. Essa resistência ao marketing, advinda, inclusive, de mentes respeitáveis, lembra certas posturas ortodoxas radicais, que não aceitam, por exemplo, união homossexual por que é "contra a natureza humana". Certos analistas ufanam-se de identificar e "denunciar" conceitos de marketing embutidos na comunicação de governo, como se isso constituisse a revelação extraordinária de uma tentativa de enganar os outros. Ora, televisões, rádios, jornais, revistas, fazem marketing de si mesmos o tempo todo. Inclusive, "vendem" seus jornalistas em anúncios como diferenciais competitivos junto ao mercado consumidor de mídia. Tudo normal. É isso mesmo que tem que ser feito, quem tem o que mostrar deve apresentar-se da maneira mais inteligente, mais organizada, mais eficaz possível, em termos de estratégia de comunicação. É assim que se obtém resultados. É o que Governo Lula está fazendo. Porque, enfim, teve o bom senso de colocar um bom profissional de marketing a seu serviço. FHC fez a mesma coisa. Todos lembramos do "Avança Brasil". Não deixava de ser uma espécie de PAC tucano. Naturalmente, o crescimento do País depende de inúmeros outros fatores, além de uma boa estratégia de marketing. Mas é certo que uma boa estratégia de marketing ajuda a criar um clima favorável ao engajamento em torno do desenvolvimento. Qualquer economista sabe da substancial contribuição que uma certa disposição "emocional" do mercado pode dar ao aquecimento da economia. E cabe, principalmente, ao marketing estimular essa crença, esse otimismo, essa aposta, que faz a roda começar a andar. Queiramos ou não, vivemos num sistema que implica um "estado" de marketing permanente. Para o bem ou para o mal. Ou seremos ingênuos a ponto de acreditar que as críticas ao PAC são meramente técnicas? Claro que não. Trata-se de marketing de oposição. Aliás, com todo o direito. É uma guerra por "mercado eleitoral". Mas isso é outra história. Entendo que, neste momento, o que importa é que o governo se comunique direito. O fato de termos eleito um presidente iletrado não significa que não queiramos entender os seus conceitos de governo. Pelo contrário: se a sua retórica é confusa, melhor que esteja bem cercado de profissionais de comunicação. Afinal, a pessoa do presidente pode ser divertida, folclórica, o que quisermos. Mas o governo não. O governo precisa ser profissional. E mais profissional ele será quanto mais profissionais ele contar em todas as suas áreas. Ou seja, deixa o Santana trabalhar!

Seção colírio


A moça bonita da foto é Anelise Ruffini Souza, paranaense de Maringá e neta de paraibano de Bonito de Santa Fé. Ela radicou-se em João Pessoa com a família, em 2003. Aqui foi “captada” por um olheiro de agência internacional de modelos. Resultado: vive, hoje, entre Santiago (Chile) e Milão (Itália), disputada para fotografar para grifes internacionais. Os pais e as irmãs matam a saudade no messenger, quase 24 horas por dia. É a Paraíba (e o Paraná) exportando talento e beleza. (Estou repetindo esta Seção Colírio porque ela ficou muito prejudicada, ao ser reproduzida em preto e branco na última edição d'O Moído da Semana no Jornal da Paraíba)

Métodos petistas

O prefeito de Teresina, Dr. Sílvio Mendes, já sentiu na pele no que é que dá confiar em petista. Depois de financiar a recuperação do pólo ceramista da cidade, convidou, gentilmente, o governador Wellington Dias, do PT, para a inauguração, o que se daria numa certa noite. Sabem o que fez o governador petista? Chamou a imprensa e promoveu um "passeio" pelo local na manhã do mesmo dia. Calote na Paraíba, deslealdade no Piauí e, assim, o PT vai cumprindo seu jeito de ser...

Papo com Walter Santos



Walter Santos (na foto, ao lado de seu ídolo, Mino Carta) foi o segundo paraibano de quem me aproximei e acabei estabelecendo uma relação duradoura. O primeiro foi o meu amigo Genival Ribeiro, padrinho do meu casamento com a Paraíba. Isso faz tempo. Para vocês terem uma idéia, a primeira conversa que mantive com Walter nem foi em João Pessoa. Ocorreu em evento, se não me engano, da Abap, em Fortaleza. Ele contou, com entusiasmo, que estava adquirindo um imóvel de imenso valor histórico no centro velho de João Pessoa. E que ali ia instalar o embrião do que hoje conhecemos como wscom, uma das mais bem sucedidas iniciativas no campo da mídia que conheci. Inaugurar essa nova fase de O Moído da Semana, fazendo um "papo com" com Walter Santos tem lá o seu simbolismo. Como ele fez um dia, guardadas as devidas proporções, estou eu aqui me atrevendo por conta própria nessa disputa pela atenção de leitores. Além disso, é uma demonstração para mim mesmo de que, não estando vinculado a nenhum meio de comunicação convencional, fico à vontade para entrevistar a "concorrência" (lembro bem do choque provocado pela minha sugestão de fazer um "papo com" com o, então, senador Roberto Cavalcanti, quando eu ainda mantinha a coluna no Jornal da Paraíba. Pense numa saia justa... Só eu mesmo para ter uma idéia dessa). E, finalmente, o motivo de escolher Walter Santos é também pela relevância do que ele conquistou. Observando daqui, de fora, de longe, com mais de trinta anos no ramo da comunicação, me impressiona que alguém tenha conseguido, com um portal, duas coisas improváveis, seja onde for: 1. Ser absolutamente competitivo, em termos de audiência geral, com meios tradicionais, como televisão, rádio e jornal; 2. Ser imbatível na competição com esses mesmos meios, quando se segmenta a audiência entre os formadores de opinião. Sinceramente, é um fenômeno! Não lembro de ter testemunhado alguma coisa assim em nehum outro mercado! Comento com ele essa minha impressão e Walter acrescenta outro dado impressionante: grandes anunciantes nacionais veiculam mensagens exclusivas no wscom, deixando de fora a mídia tradicional da Paraíba. Pergunto como isso é posssível e escuto de volta que a palavra-chave é respeitabilidade. Num mercado em que a economia pública costuma ser determinante para a sobrevivência de qualquer meio de comunicação (e, por isso, a tendência do veículo em alinhar-se com o poder a fim de garantir o seu quinhão das verbas publicitárias), Walter Santos fez uma opção diferente: trabalhou para cultivar a atenção e o reconhecimento do mercado, mesmo que ao preço da antipatia de quem não se habitou ao pluralismo democrático na mídia. Deu resultado. O tempo passou e o wscom virou referência, aquele canal a que se recorre quando se quer conhecer a realidade nua e crua. E, assim, viu sua audiência aumentar vertiginosamente ano a ano, mês a mês, dia a dia, na Paraíba, no Brasil e no exterior. Por outro lado, também perdeu alguma coisa, principalmente a prioridade das verbas públicas, embora seus números justifiquem plenamente a programação do portal nos planos de mídia dos governos. Tendo consciência de que, a longo prazo, demonstraria que estava correto em manter uma postura independente, atravessou todos os desertos e todas as tempestades para consagrar a marca junto aos anunciantes privados. "Mostramos que, embora difícil, complicado, principalmente numa economia pequena como a nossa, era possível fazer um trabalho focado essencialmente no profissionalismo do mercado", explica. Muito planejamento, muita visão estratégica e "olho atento no caixa" foram determinantes para que o projeto se viabilizasse economicamente. Falo a Walter Santos da impressão que consolidei nos anos em que convivo mais estreitamente com a Paraíba, de que o mercado da comunicação vive aqui uma permanente sensação de instabilidade e um estado, quase geral, de "desesperança". E pergunto o que o faz acreditar que, no seu caso, as coisas podem acontecer de um jeito diferente. Responde que, primeiro, jamais espera que o acaso resolva algum problema. Tudo há que ser planejado, começando no estabelecimento daquilo que os americanos chamam de "network", uma bela rede de relacionamentos que vá bem além da aldeia. É isso que dá substância ao projeto. Você faz a sua parte e promove o reconhecimento junto a quem sabe dar o devido valor ao que você está fazendo. Walter tem razão, são essas iniciativas que colocam você no clube dos líderes, no raio do interesse de quem quer o melhor para si e para seus clientes. Entendo isso como uma combinação de atitude profissional com visão empresarial. É com o mesmo espírito empreendedor que Walter Santos investe agora na Revista do Nordeste. Ela também é produto de muita pesquisa de mercado e de muita análise. Foram essas pesquisas e análises que forneceram, por exemplo, a informação de que a Veja, a maior revista do Brasil, tem ínfimos 10% de sua circulação no Nordeste. Poderia se atribuir um número tão ruim ao baixo índice de leitura na região. No entanto, nas classes A, B e parte substancial da C, que têm efetivo interesse na leitura, há espaço para uma revista com mais de 1 milhão de exemplares. O que falta aos produtos "made in São Paulo, Brasília and Rio" é exatamente um padrão que estabeleça afinidade com os leitores nordestinos. Walter insiste que "falta respeito para com o Nordeste; a mídia dos grandes centros é extremamente preconceituosa com a região". Ao perceber a "falha", identificou um nicho de mercado e nele vem investindo determinadamente com indicadores substanciais de sucesso. Como sempre, Walter Santos faz agora, mas pensando no futuro. Seus planos são os de, muito em breve, colocar o Nordeste em linha com o mundo. Em inglês. A Paraíba, o Nordeste e o Brasil agradecem. Ou deveriam agradecer.

Para ler e moer


"E toda mulher precisa de um marido. Mesmo que ele faça calar a canção que existe dentro dela." (Khaled Hosseini, em "O Caçador de pipas", Editora Nova Fronteira).