14 de mar. de 2007

Seção Colírio

A moça bonita da foto é Pryscila Gashi, gaúcha, descendente de albaneses, que viveu em Florianópolis, Vitória e, hoje, está estabelecida em São Paulo com sua agência de publicidade. Determinada e aguerrida, em apenas dois anos, já conquistou seu espaço no mercado mais competitivo do País.

12 de mar. de 2007

Porque Ricardo tem razão.











João Pessoa (Brasil)














Lagos (Nigéria)



Não é necessário fazer doutorado em urbanismo para entender as profundas intervenções que, muitas vezes, uma cidade necessita para garantir um futuro digno e civilizado para sua população. Basta ampliar o seu raio de pesquisa para um pouco além da informação oferecida pela aldeia e observar o que ocorreu, ao longo da História, com boa parte das aglomerações humanas. Aliás, feliz do povo que tem no comando da administração da sua cidade alguém que estudou e continua estudando os temas de interesse para o cumprimento eficiente das suas obrigações. Ricardo Coutinho é um caso típico. Talvez um dos prefeitos mais intelectualmente preparados no exercício do cargo hoje no Brasil. (Não creio que Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, por exemplo, tenha a cultura e a educação para a condução de seu mandato que possui Ricardo.) Quem acompanha as gestões administrativas municipais mais avançadas do mundo, percebe que Ricardo Coutinho está alinhado com a contemporaneidade e faz da sua gestão compromisso, inclusive, com a salvaguarda da qualidade de vida do planeta. Sua eleição, em 2004, em primeiro turno, foi reveladora de que o povo é sempre mais sábio do que se imagina. E que o tempo, as expectativas e as frustrações não passam em vão. Forjam, na verdade, convicções, pelo menos, a respeito daquilo que não se quer mais. Quem se deu ao trabalho de queimar alguns neurônios na leitura de simples revistas - nada de compêndios acadêmicos - como a Forum (edição 47, de fevereiro de 2007) ou a Piauí (edição de fevereiro de 2007) encontrou reportagens muito interessantes sobre as conseqüências da incompetência, da negligência e da corrupção na administração pública. Em amplas reportagens, as revistas retratam o caos em que converteram cidades como Lagos, na Nigéria, "um aglomerado de 15 milhões de pessoas onde o lixo é a mercadoria que mais circula e milhares de catadores, camelôs e favelados vivem de restos". E estamos falando de um país assentado sobre poços de petróleo e minas de diamante. Este e outros exemplos africanos denunciam as conseqüências de administrações focadas, exclusivamente, no saque das riquezas e no desvio do dinheiro público, totalmente desinteressadas em imprimir as ações vigorosas, muitas vezes impopulares, necessárias para evitar o caos urbano e a contaminação dos recursos naturais. João Pessoa não tem 15 milhões de habitantes. É uma cidade pequena, de menos de 700.000 habitantes. Portanto, está em plenas condições de evitar uma tragédia urbana como a que se abate em cidades, como Lagos, Jacarta, Nairóbi, Manila e, porque não dizer, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. A degradação ambiental alcançou tamanha dimensão em regiões, como Soweto, na África do Sul, que a água não podia mais ser consumida, sob pena de contaminar a população inteira. Como não havia tecnologia nacional para a recuperação dos mananciais, o serviço de água foi privatizado e entregue a uma empresa francesa. Resultado: hoje, os sul-africanos recebem água em suas casas pelo sistema pré-pago. Como descreve a matéria da "Forum", "quando os créditos terminam, o fornecimento é interrompido." Em Lagos, no Mercado Central, construção decadente e afundada num lodaçal, centenas de crianças sobrevivem de lavar os pés das pessoas à saída. Por que as coisas chegam nesse estado calamitoso? Fatalidade? Não, trata-se apenas daquilo de que já se falou aqui: incompetência, negligência e corrupção. Ricardo Coutinho foi duramente criticado e sofreu não poucas tentativas de boicote à execução de medidas fundamentais para evitar um futuro igualmente caótico para João Pessoa. Dois exemplos são bastante emblemáticos: a remoção dos chamados "fiteiros", que ocupavam ruas e calçadas, sem nenhum outro critério senão a conveniência para seus negócios e a reforma do antigo Mercado Central, sujo, decadente, contaminado e utilizado para as práticas mais ilícitas, mas até, então, mantido intocado por irresponsabilidade e covardia de gestores municipais anteriores. Compreende-se que esses tipos de intervenções costumem enfrentar uma resistência natural dos prejudicados, gente que forjou uma mentalidade derrotista e conformada com as circunstâncias. O condenável, sob todos os aspectos, é o oportunismo barato de certos politiqueiros sem ideologia nem discurso e que se valem dos dramas pessoais alheios para criar em torno de si uma aura de defensores dos desfavorecidos. Esses serão vencidos pela História. A verdade é que Ricardo Coutinho, por circunstâncias históricas, recebeu uma missão e a está cumprindo, na esteira de uma vocação empreendedora e ética, própria de uma parcela renovada de administradores do mundo inteiro. Não é diferente quando o prefeito de João Pessoa assume que cabe a ele a árdua tarefa de substituir funcionários públicos nomeados politicamente por funcionários públicos nomeados por concurso. É outra intervenção política profunda focada na consagração de uma efetiva democracia. É doloroso para quem perde, individualmente, mas conveniente para o interesse coletivo. No fundo, a população intui que Ricardo Coutinho faz o que tem que ser feito e, provavelmente, por isso, seus índices de aprovação se mantém altos. Não por acaso o grande embate eleitoral de João Pessoa, com vistas a 2008, não se dá na escolha de seu adversário, mas, apropriadamente, na escolha de seu vice.


1 comentários:

Anônimo disse...

Estou impressionado. Descobri seu blog há pouco e já me deparo com um texto maravilhoso como esse, em todos os sentidos. Pq não consta de um editorial de jornal, ou de uma coluna, para maior alcance? Parabéns mesmo.

Genival, o poderoso


Genival Ribeiro, presidente do capítulo paraibano da Associação Brasileira de Agências de Publicidade, terminou fevereiro e começou março de bem com a vida. Em fevereiro, por conta do estrondoso sucesso do seminário Comunicar & Crescer que, na segunda edição, em João Pessoa, teve um de seus maiores públicos. E em março, mais precisamente, no dia 2, Genival ganhou expressiva notoriedade nacional entre seus pares, ao liderar, em reunião nacional da ABAP, no Hotel Marriott, no Rio de Janeiro, movimento pela permanência de Dalton Pastore na presidência da entidade. Tomando o microfone, quando menos se esperava, fez contundente discurso em defesa do atual presidente, pela serenidade e o senso ético com que este conduziu a ABAP nos mares revoltos do mensalão. Foi aplaudido de pé. Dalton Pastore deve atender ao apelo.

A grandeza de Júlio



Júlio Rafael, superintendente do SEBRAE da Paraíba, não teria nenhuma razão para nutrir particular simpatia por mim. Estivemos em lados opostos nas campanhas políticas de 2002 (eu com Maranhão e ele com Cássio) e de 2004 (eu com Avenzoar e ele com Ruy). E mais: em notas ácidas, por diversas vezes, fui um crítico ferrenho de suas posições. É verdade que Júlio também andou me dando umas bordoadas numa crítica a "O Moído de 2002", em sua antiga coluna no portal wscom (digo antiga porque faz tempo que ele não renova). Nem tudo isso, no entanto, diminuiu a presteza e a boa vontade de Júlio Rafael, primeiro em me conceder uma entrevista exclusiva para "O Moído da Semana" (na ocasião, ainda no Jornal da Paraíba) e, depois, em colaborar determinantemente para o sucesso do "Comunicar & Crescer". É isso que justifica alguns permanecerem cotados, enquanto outros amargam o ostracismo.

"Comunicar" bombou na Paraíba



Se eu já tinha motivos suficientes para ter simpatia pela Paraíba, os dias 27 e 28 de fevereiro só confirmaram que estou coberto de razão. A acolhida dos paraibanos à segunda edição do seminário "Comunicar & Crescer", promovido pela Associação Brasileira de Agências de Publicidade, foi comovente. Primeiro, em Campina Grande, com a presença de cerca de 250 pessoas no auditório da FIEP, depois, em João Pessoa, quando perto de 300 interessados lotaram o auditório do SEBRAE. Falou-se, inclusive, em overbooking, referência a umas 40 pessoas que não conseguiram entrar. À competência de Genival Ribeiro, presidente do capítulo paraibano da ABAP, com o apoio dos responsáveis pelas agências associadas e à parceria determinante de Júlio Rafael (SEBRAE) podem ser creditados os méritos pelo sucesso dos eventos.

Homenagens às Muriçocas


Me contaram que um dos assuntos mais comentados da semana foi a minha crítica à manutenção daquela "muriçocona" descontextualizada, ao lado do busto de Tamandaré, depois de passado o carnaval. Fiz o comentário, durante o seminário "Comunicar & Crescer", citando a permenência do "monumento" como uma das aplicações inconvenientes do marketing. E expliquei: se aquilo funciona bem no âmbito da festa, depois vira um monstrengo grotesco, desproporcional, inconveniente. Lembrei que um dia antes de dar de cara com a "muriçocona", tinha lido no jornal sobre o aumento dos casos de dengue na Paraíba. E fiquei imaginando um turista paulista comentando: "orra, meu, os caras com uma epidemia de dengue e fazendo homenagem à mosquito. Ô lôco!" Depois, andei pesquisando e descobri que no Gabão fizeram um selo em "homenagem" ao aedes egipsis. É mole?

11 de mar. de 2007

Bispo ou Pai de Santo?

Dom Aldo Pagotto perdeu um pouquinho do bom senso. Tudo bem que a Paraíba é a "pequenina", que João Pesoa tem apenas 600 mil e poucos habitantes, mas tentar dar uma de "dono do terreiro" está pegando meio mal para o cardeal-arcebispo. Ele não está se comportando como recomenda a melhor atitude cristã nessa briga com a Igreja Universal do Reino de Deus, pela qual, aliás, eu não nutro a menor simpatia. Mas liberdade de culto é liberdade de culto, há que se respeitar. O comportamento de Pagotto lembra o da própria Universal com relação aos macumbeiros: pura perseguição. Da mesma forma com que entendo que Edir Macedo tem que cuidar das suas ovelhas e não encher o saco dos espíritas, acho que o cardeal católico deve "brigar" com o "bispo" neopentecostal na conquista de fiéis, através da prática de um sacerdócio engajado com o que realmente importa: o fim das injustiças sociais. Com a palavra o Frei Anastácio.

Segredos de Avenzoar

Avenzoar Arruda, político petista que anda em baixa desde 2002, acaba de envolver-se em nova confusão. Agora discute com a direção do PSOL se pediu ou não pediu filiação ao partido de Heloisa Helena e essa lhe foi negada. Aí está mais um caso para a investigação da História. É um episódio parecido com o suposto encontro de Avenzoar com Cássio Cunha Lima no apartamento de Chiquinha Barbosa, delegada regional do trabalho, em 2004. Há quem jure que ocorreu, embora o petista negue de joelhos. Da minha parte, prometo guardar segredo eterno, embora saiba o que aconteceu de verdade, tanto no episódio do suposto encontro, como no caso do pedido negado de filiação. Só posso revelar que, em ambos os casos, Avenzoar atravessava um momento particularmente ruim.