18 de jul. de 2008

Quem se habilita?


Durante o IV Congresso Brasileiro de Publicidade, fui abordado por companheiros do Brasil inteiro pedindo a indicação de redatores. Aparentemente, há uma crise de redação na publicidade do Brasil. Não que esteja faltando gente desempregada que diz que redige. O que está faltando é gente capaz de sentar na frente de um teclado e extrair dele frases conexas, conceitos claros, textos sedutores... Gente com cultura suficiente para sustentar argumentos com eficácia. Gente com capacidade para concentrar-se no briefing, compreendê-lo e resolvê-lo sem perder o foco. Se você é ou conhece alguém assim, por favor, mantenha contato. Certamente tem uma cadeira diante de um teclado de computador esperando vocês, em algum lugar do Brasil.

7 comentários:

celso muniz disse...

caro stalimir: bons redatores há aos magotes.

são os fodões das sacadinhas, do non sense, que se emprega por ai pressupostamente assentados em figuras de linguagem.

já agora estamos cheio de livros para as relacionar como se alguém saber o que é aférese, alegoria, anacoluto, anaphora, anástrofe, antanáclase, antonomasia, apócope, apóstrofe, assindeto, catacrese, comparação, crase, díacope, diástole, diérese, ectlipse, elipse, enálage, ênfase, epanáfora, epêntese, epifonema, epizeuxe, eufemismo, haplologia, hendiadis, hiperbáto, hyperbole, hipértese, intercalação eufônica, ironia, metáfora, metalepse, metátese, metonímia, onomatopeia, pargoge, parêntese, perifrase, paranomásia, pleonasmo, polissindeto, prosopopéia (personificação), quiasmo, reticência, silepse, síncope, sinédoque, sinquise, systole, tmese, zeugma, fosse torná-lo ao menos um redator publicitário.

pulhice estes livros de quem não fez nada signiticativo na propaganda e teoriza o que não praticiza. camões já usava as tais figuras, e com muito mais propriedade sem fazer alarde (sim, não confundir figuras de linguagem com trocadihos, o que acontece pela forma barata como são cerzidos de maneira que o cú não tem nada a ver com as calças no contexto do produto relacionado, chamam isso texto antenado argh!).

o que falta - e você sabe porque já foi um deles - é o bom e velho copy. o copywriter dos que no fala o nosso velho e bom companheiro roberto menna barreto no seu copy criativo, livro que os pretensos redatores sequer folheiam. aliás, você já viu redator que não lê escrever alguma coisa que preste?

e como archive não tem texto, decerto eles estão a copiar subtextos tingidos de sintaxe frenética mas na verdade histérica e overpó.

os bons copys foram todos fazer alguma coisa que não diretamente escrever anúncios e contar boas histórias. é por isso que a propaganda está assim com cara de cachorro que se perdeu do dono.

porque o copy é, e sempre será, a essência da propaganda(não me recordo do autor da frase certeira).

se não, me diz aí o que sacadinha de photoshop deixa na memória do consumidor ao contrário do bonita camisa fernandinho, não é nenhuma brastemp, o primeiro sutiã a gente nunca esquece, e por aí vai.

desde que o mundo é mundo a tradição oral das boas histórias perpetuou a essência - para o bem e o mal da raça - e o copy soube inspirar-se nisso para uma apropriação débita para a propaganda no brasil e no exterior, onde os copy ingleses e americanos não tornaram-se clássicos à toa.

a questão, é que há muitas oportunidades de emprego para redator. agora, não vejo para copy.

há? então manda.

Anônimo disse...

O fato, Celso, é que estão chamando de "redator", na verdade, o indivíduo com capacidade de absorver informação nova, refletir sobre ela e transformá-la, criativamente, ao comungá-la com sua experiência pessoal. É ele (ou ela) que anda em falta...

Anônimo disse...

Seu Celso, parabéns pelo vocabulário. Mas a ortografia está um c...

Anônimo disse...

Acho que o Stalimir não concorda com o Celso e foi educado, mas não se sinta culpado, Stalimir. Ninguém concorda com o Celso... Só ele mesmo.

celso muniz disse...

“O copy - texto publicitário de qualidade - constitui um estilo único de redação. Deve ser fluente, saboroso, empático e por vezes, irresistível.

Neste livro, o autor Roberto Menna Barreto apresenta uma coletânea com 177 exemplos de uma técnica hoje quase esquecida: a de escrever copies.”

acho que o copy(mixuruca, mas copy) encerra a questão.

acredito piamente que esta definição do redator com o gajo capaz de absorver informação nova e blá blá blá(puro bull shit) é o cacoete da modernidade da vez, que por sua vez não dá um passo além da mediocridade do que raramente não se vê por aí ou seja: faltam copies( o mohallem vai escapando, o nizan virou jingleiro).

como diria o bill(bernabach) - que continua mais moderno do que todos nós juntos, já havia alertado, fala-se muito sobre modernidade, todo mundo quer ser antenado, mas é preciso não esquecer de que o homem levou milhões de anos para se tornar o que é, com seus desejos de amar e ser amado, proteger e ser protegido, e que isso não muda assim de uma hora para outra e se, vai levar ainda tempo bastante.

então a questão do copy é essencialmente praticar o exercício do conhecimento do ser humano(em todas as suas manifestações) a serviço da sedução publicitária(ou não). o argumento com convicção antes do puro auto-entretenimento do exibicionismo afetado. como já disse o copy, desvende a alma humana, e todo o resto virá. os copies conseguem. redatores, definitivamente não. não se trata de uma mera distinção semântica.

mas, evidentemente, isto é só uma opinião. expressa - e assinada - por que assim sua coluna - não sei a sua paciência - o permite.

ao contrário do que dizem os anônimos - que sequer dizem a que vieram, ao menos com algum fundamento para acréscimo: não é este o tipo de verve que também vemos nos redatores de hoje? a graçola sem culhão, sem caráter, nem para assinar um nomezito, falso que seja? não são modernos? as ferramentas do blogger não permitem o open manual?) - o que interessa não é a concordância(gratuita)nem a discordância(idem).

mas, como vemos, há aqui conflitos de interesses diversos que não os do copy. e é isso justamente o que não me interessa.

e assim, desta forma, o texto moído torna-se a essência e não a limalha do que devemos(auto)deletar.

Anônimo disse...

"...o texto moído torna-se a essência e não a limalha do que devemos(auto)deletar."

Quando foi que publicidade ficou tão complicada? Já pensou uma campanha da Skol cuja locução diz assim:

- A refrescância difusa que desce pelas minhas entranhas e escorre pelo meu ser. Ferve meu desejo de recomeço e ressurreição, vindo do arcabouço mais profundo das minhas memórias.

Acho que essa idéia vende. Pode por na pasta, essa é de grátis.

Cordialmente,

Dr. Emmet Brown

Anônimo disse...

Stalimir,

Sou sua fã; comecei sendo sua admiradora, me transformei em seguidora e hoje sou perseguidora assumida rs... Brincadeiras à parte, admiro demais seu trabalho, seu talento e, acima de tudo, sua postura diante da nossa profissão. No III Encontro de Redação Publicitária de Paraty, em agosto, tive o privilégio de assistir sua palestra. Desde quando estava na faculdade, eu já acompanhava seus livros, artigos, blogs e confesso que seus textos, preciosos, muitas vezes atuaram como grandes estímulos, desde a hora de lidar com as dificuldades de encontrar o primeiro estágio até enfrentar desafios no relacionamento com o cliente, na luta da vida real.

A sua palestra em Paraty definitivamente mudou a minha vida. Tudo que você falou sobre o que é ser um verdadeiro redator, muito mais que escrever palavras interessantes, me envolveu de tal forma que a partir daquele momento passei a acreditar ainda mais na força dessa profissão. Uma profissão que não é escolha, é descoberta; não pode ser aprendida, ela é desenvolvida e, claro, aprimorada. Redação publicitária é um estado de ser, negar isso é mesmo como negar a própria identidade. É um caminho sem volta, um caminho fascinante. Fiquei durante todo o tempo da sua exposição com um sentimento de impulso, de força e de certeza do que quero, foi realmente algo profundo e definitivo. Naquele momento deixei de apenas querer, passei a enxergar as possibilidades reais de chegar lá. Passei a acreditar que em algum lugar existe sim uma cadeira diante de um teclado esperando por mim...
Escrevo também porque gostaria muito de dividir com você tudo isso, e claro, deixar um muito obrigada. Obrigada por valorizar a nossa profissão e, mais que isso, obrigada por orgulhar toda a classe em ter um representante humano, verdadeiro e carismático como você.

Obrigada, mais uma vez.

Rita Follain