28 de nov. de 2007

Um paraibano do tamanho do mundo

Nunca fui um sujeito de grandes ambições, pelo menos no sentido de grandeza a que se convencionou avaliar as ambições. Não invejo os ricos, os famosos nem os poderosos. Mas, confesso, invejo os sonhadores e os pioneiros. Muitos deles sequer lembrados à altura de seu significado nos maiores centros, de onde são irradiadas as informações consideradas relevantes e que costumam construir prestígio. Uma dessas personalidades é Genival Ribeiro, publicitário paraibano falecido na madrugada da última terça-feira, 27 de novembro. Era um guerreiro. Não obstante ter nascido e vivido toda a sua vida na Paraíba, jamais deixou-se guiar em seu planos pelo fato de trabalhar num estado pequeno e de pouco significado econômico e mercadológico. Sempre pensou grande e não intimidou-se em aproximar-se das maiores expressões da nossa atividade e propor, de igual para igual, diversas oportunidades de negócios. Genival tinha consciência das limitações profissionais da sua terra e acreditava que apenas através de um intercâmbio profissional sério a Paraíba teria chance de desenvolver sua publicidade. E assim fez. Criou, em João Pessoa, a GR, primeira agência de publicidade da Paraíba. Ofereceu a seus clientes um padrão de serviços impensável à época não apenas na Paraíba mas em muitos outros estados brasileiros. Para isso, recorreu a criativos e produtores dos mercados mais desenvolvidos, forçando na região o desenvolvimento de critérios de qualidade respeitáveis. Fez mais: “inventou” a Paraíba aos olhos do negócio da propaganda no Brasil, ao trabalhar insistentemente na criação de um capítulo paraibano da Associação Brasileira das Agências de Publicidade. Convenceu seus raros colegas do ramo a superarem a timidez e associarem-se à entidade. Com persistência incomum, conseguiu dobrar a resistência provinciana de alguns, e angariou associados suficientes para fundar a ABAP-PB, a qual presidiu até recentemente. Nas reuniões nacionais era figura sempre festejada. Elegante, amigo e permanente entusiasta das coisas da Paraíba, motivou muitos de seus companheiros de outros estados a conhecerem sua terra. Genival Ribeiro era um dos amigos de verdade que eu tinha. Nosso relacionamento tinha quase quinze anos. Conheci diversos episódios da sua vida. Uma curiosidade: a agência de Genival foi vítima de uma espécie de “globalização nacional”, ao perder sua maior conta – Supermercados Boa Esperança –, comprado pelo Pão de Açúcar. Fenômeno que grandes agências de São Paulo conhecem muito bem. Trabalhamos em diversos projetos, em que uníamos o espírito idealista de ambos. Posso dizer, sem medo de errar, que foi graças a Genival Ribeiro que a Paraíba passou a significar alguma coisa na minha vida, além de uma pequena manifestação geográfica entre o Rio Grande do Norte e Pernambuco. Hoje, é o estado onde, junto com São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, tenho laços afetivos mais profundos. Prova disso é a quantidade de amigos e desafetos sinceros que consegui forjar por lá. Era agradável e proveitoso conversar com Genival. Ele tinha uma paciência infinita comigo, que sempre fui polêmico, impulsivo e, muita vezes, inconseqüente. Nessas horas de surto, o amigo Genival me deixava falando sozinho, gastando energia e ficava só olhando. Depois, numa única frase transformava tudo em força positiva e construtiva. Mas gosto de lembrar também que fiz Genival dar muita risada, divertir-se verdadeiramente com algumas manifestações da minha maluquice. Numa terra minada de ardis políticos, como a Paraíba, é muito difícil ver alguém relaxado. Por isso, era bom perceber que, pelo menos comigo, o paraibano Genival não sentia necessidade de fugir das suas melhores características por nenhum motivo justificado. Através dele, conheci as expressões políticas paraibanas mais importantes. Fiz novos amigos valiosos e ganhei adversários autênticos, como sempre ocorre em qualquer lugar em que criamos algum tipo de raiz. Devo a Genival Ribeiro incontáveis alegrias que a Paraíba me deu. Devo também a ele uma extraordinária lição de vida: nossos limites estarão sempre dentro de nós, nunca fora. Motivado por uma inquebrantável auto-confiança, Genival Ribeiro foi longe, muito longe. Viveu com intensidade, realizou desejos e conseguiu a façanha de passar pela vida credor de si mesmo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Era este o seu texto que eu gostaria de ter lido ontem. Justo e verdadeiro. À altura de Genival. Saudações cordiais.

Anônimo disse...

Estou triste e saudosa; perdi do meu convívio uma pessoa especial que mostrou-me a verdadeira essência do conceito de trabalhar com propaganda. Ele sempre foi e será o grande lord da propaganda na Paraíba. Hoje, fiquei a imaginar a falta de gratidão de algumas pessoas que se ausentaram ou se fizeram de rogados....Espero realmente que PB venha reverenciar GENIVAL da maneira correta e digna que ele merece.

Anônimo disse...

Estou triste e saudosa; perdi do meu convívio uma pessoa especial que mostrou-me a verdadeira essência do conceito de trabalhar com propaganda. Ele sempre foi e será o grande lord da propaganda na Paraíba. Hoje, fiquei a imaginar a falta de gratidão de algumas pessoas que se ausentaram ou se fizeram de rogados....Espero realmente que PB venha reverenciar GENIVAL da maneira correta e digna que ele merece.