4 de fev. de 2007

Papo com Walter Santos



Walter Santos (na foto, ao lado de seu ídolo, Mino Carta) foi o segundo paraibano de quem me aproximei e acabei estabelecendo uma relação duradoura. O primeiro foi o meu amigo Genival Ribeiro, padrinho do meu casamento com a Paraíba. Isso faz tempo. Para vocês terem uma idéia, a primeira conversa que mantive com Walter nem foi em João Pessoa. Ocorreu em evento, se não me engano, da Abap, em Fortaleza. Ele contou, com entusiasmo, que estava adquirindo um imóvel de imenso valor histórico no centro velho de João Pessoa. E que ali ia instalar o embrião do que hoje conhecemos como wscom, uma das mais bem sucedidas iniciativas no campo da mídia que conheci. Inaugurar essa nova fase de O Moído da Semana, fazendo um "papo com" com Walter Santos tem lá o seu simbolismo. Como ele fez um dia, guardadas as devidas proporções, estou eu aqui me atrevendo por conta própria nessa disputa pela atenção de leitores. Além disso, é uma demonstração para mim mesmo de que, não estando vinculado a nenhum meio de comunicação convencional, fico à vontade para entrevistar a "concorrência" (lembro bem do choque provocado pela minha sugestão de fazer um "papo com" com o, então, senador Roberto Cavalcanti, quando eu ainda mantinha a coluna no Jornal da Paraíba. Pense numa saia justa... Só eu mesmo para ter uma idéia dessa). E, finalmente, o motivo de escolher Walter Santos é também pela relevância do que ele conquistou. Observando daqui, de fora, de longe, com mais de trinta anos no ramo da comunicação, me impressiona que alguém tenha conseguido, com um portal, duas coisas improváveis, seja onde for: 1. Ser absolutamente competitivo, em termos de audiência geral, com meios tradicionais, como televisão, rádio e jornal; 2. Ser imbatível na competição com esses mesmos meios, quando se segmenta a audiência entre os formadores de opinião. Sinceramente, é um fenômeno! Não lembro de ter testemunhado alguma coisa assim em nehum outro mercado! Comento com ele essa minha impressão e Walter acrescenta outro dado impressionante: grandes anunciantes nacionais veiculam mensagens exclusivas no wscom, deixando de fora a mídia tradicional da Paraíba. Pergunto como isso é posssível e escuto de volta que a palavra-chave é respeitabilidade. Num mercado em que a economia pública costuma ser determinante para a sobrevivência de qualquer meio de comunicação (e, por isso, a tendência do veículo em alinhar-se com o poder a fim de garantir o seu quinhão das verbas publicitárias), Walter Santos fez uma opção diferente: trabalhou para cultivar a atenção e o reconhecimento do mercado, mesmo que ao preço da antipatia de quem não se habitou ao pluralismo democrático na mídia. Deu resultado. O tempo passou e o wscom virou referência, aquele canal a que se recorre quando se quer conhecer a realidade nua e crua. E, assim, viu sua audiência aumentar vertiginosamente ano a ano, mês a mês, dia a dia, na Paraíba, no Brasil e no exterior. Por outro lado, também perdeu alguma coisa, principalmente a prioridade das verbas públicas, embora seus números justifiquem plenamente a programação do portal nos planos de mídia dos governos. Tendo consciência de que, a longo prazo, demonstraria que estava correto em manter uma postura independente, atravessou todos os desertos e todas as tempestades para consagrar a marca junto aos anunciantes privados. "Mostramos que, embora difícil, complicado, principalmente numa economia pequena como a nossa, era possível fazer um trabalho focado essencialmente no profissionalismo do mercado", explica. Muito planejamento, muita visão estratégica e "olho atento no caixa" foram determinantes para que o projeto se viabilizasse economicamente. Falo a Walter Santos da impressão que consolidei nos anos em que convivo mais estreitamente com a Paraíba, de que o mercado da comunicação vive aqui uma permanente sensação de instabilidade e um estado, quase geral, de "desesperança". E pergunto o que o faz acreditar que, no seu caso, as coisas podem acontecer de um jeito diferente. Responde que, primeiro, jamais espera que o acaso resolva algum problema. Tudo há que ser planejado, começando no estabelecimento daquilo que os americanos chamam de "network", uma bela rede de relacionamentos que vá bem além da aldeia. É isso que dá substância ao projeto. Você faz a sua parte e promove o reconhecimento junto a quem sabe dar o devido valor ao que você está fazendo. Walter tem razão, são essas iniciativas que colocam você no clube dos líderes, no raio do interesse de quem quer o melhor para si e para seus clientes. Entendo isso como uma combinação de atitude profissional com visão empresarial. É com o mesmo espírito empreendedor que Walter Santos investe agora na Revista do Nordeste. Ela também é produto de muita pesquisa de mercado e de muita análise. Foram essas pesquisas e análises que forneceram, por exemplo, a informação de que a Veja, a maior revista do Brasil, tem ínfimos 10% de sua circulação no Nordeste. Poderia se atribuir um número tão ruim ao baixo índice de leitura na região. No entanto, nas classes A, B e parte substancial da C, que têm efetivo interesse na leitura, há espaço para uma revista com mais de 1 milhão de exemplares. O que falta aos produtos "made in São Paulo, Brasília and Rio" é exatamente um padrão que estabeleça afinidade com os leitores nordestinos. Walter insiste que "falta respeito para com o Nordeste; a mídia dos grandes centros é extremamente preconceituosa com a região". Ao perceber a "falha", identificou um nicho de mercado e nele vem investindo determinadamente com indicadores substanciais de sucesso. Como sempre, Walter Santos faz agora, mas pensando no futuro. Seus planos são os de, muito em breve, colocar o Nordeste em linha com o mundo. Em inglês. A Paraíba, o Nordeste e o Brasil agradecem. Ou deveriam agradecer.

3 comentários:

Anônimo disse...

Walter é merecedor.

Anônimo disse...

bela peça de propaganda.

Anônimo disse...

Prezado Stalimir,
é de jornalismo e jornalistas assim que nosso país precisa. Oxalá a divulgação de matérias como as suas e as de Walter melhore a cada dia e auxiliem toda uma população a compreender o mundo em que vivemos.